PT tenta ‘amordaçar’ o presidente do Banco Central, afirma Financial Times
JORNAL NORTE-AMERICANO DESTACA QUE LULA E SEUS ALIADOS PRESSIONAM
ROBERTO CAMPOS NETO, PELA DIMINUIÇÃO DA TAXA DE JUROS
O embate se agravou após Lula entrar com uma ação judicial contra Campos Neto, alegando que suas declarações políticas prejudicam o país. "Só temos uma coisa errada no Brasil neste momento: é o comportamento do Banco Central", declarou Lula, criticando a manutenção da taxa de juros em um nível que considera injustificado.
Campos Neto, por outro lado, tem argumentado que a alta taxa de juros é necessária para controlar a inflação, que está em pouco menos de 4%, acima da meta de 3%. O Banco Central tem reduzido gradualmente a Selic, de 13,75% para 10,5% no último ano, mas Lula acredita que o ritmo das reduções é insuficiente para estimular a economia.
A economista Rafaela Vitória, do Banco Inter, afirmou que as críticas de Lula são infundadas, destacando que a inflação não retorna à meta devido à expansão fiscal. "A culpa é da expansão fiscal, e o novo quadro orçamental até agora não conseguiu promover o ajustamento necessário", disse ela.
A disputa também tem um componente político, com integrantes do governo associando Campos Neto à direita, especialmente após sua participação em um evento com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Especulações surgiram sobre uma possível colaboração futura entre Campos Neto e a gestão paulista, o que aumentou a insatisfação do PT.
O Financial Times ressalta que a crise de credibilidade pode surgir devido à divisão entre os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) nomeados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e os nomeados por Lula, que pressionam por uma redução mais rápida da taxa de juros.
Economistas como Marcelo Fonseca, da Reag Investimentos, argumentam que culpar a política monetária pelos problemas econômicos do país é conveniente, mas insuficiente. "É conveniente usar o chefe do banco como vilão, e a política monetária como a causa raiz dos problemas, em vez de reconhecer que a política econômica, e a política fiscal em particular, precisa de ser corrigida", afirmou Fonseca.
O mandato de Campos Neto termina no final do ano, quando Lula poderá nomear um novo chefe para o Banco Central, alterando potencialmente a direção da política monetária do país.
Contexto da Matéria Revista oeste
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