CGU revela fragilidades na venda da Refinaria Landulpho Alves e suspeitas de conexão com presentes dados ao ex-presidente Bolsonaro
Uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) apontou fragilidades na venda da Refinaria Landulpho Alves, localizada na Bahia, realizada em novembro de 2021. O relatório identificou que a refinaria foi negociada abaixo do preço de mercado, especialmente devido ao momento escolhido para a transação, ocorrida durante a pandemia de COVID-19, quando o preço do petróleo estava em baixa no mercado internacional.
Rebatizada como Refinaria de Mataripe, o empreendimento foi vendido por US$ 1,65 bilhão (equivalente a R$ 8,08 bilhões pelo câmbio atual) ao fundo Mubadala Capital, vinculado à Mubadala Investment Company, pertencente à família real dos Emirados Árabes Unidos.
Embora o relatório não tenha declarado uma perda econômica direta com a venda da refinaria, questionou o momento do negócio, sugerindo que a Petrobras poderia ter aguardado a recuperação do mercado internacional de petróleo.
A CGU apontou outras fragilidades na operação, incluindo a utilização de cenários considerados inadequados para a tomada de decisões e a falta de medição de probabilidades realistas em eventos futuros.
A divulgação do relatório reacendeu suspeitas sobre presentes dados pelo governo dos Emirados Árabes Unidos ao ex-presidente Jair Bolsonaro, especialmente em outubro de 2019 e novembro de 2021, coincidindo com a venda da refinaria. Entre os itens recebidos e devolvidos estão um fuzil calibre 5,56 milímetros, uma pistola nove milímetros e joias, incluindo um relógio cravejado de diamantes, esmeraldas e rubis, e uma escultura adornada com detalhes em ouro, prata e diamantes, dentre outros itens.
As autoridades envolvidas, incluindo a Polícia Federal, estão em processo de investigação para apurar possíveis conexões entre a venda da refinaria e os presentes recebidos pelo ex-presidente Bolsonaro. Ministros como Jorge Messias, da Advocacia-Geral da União, e Vinicius Marques de Carvalho, da CGU, manifestaram-se sobre a importância de investigar essa possível ligação.
O ex-presidente Bolsonaro, em postagem no ano passado, enfatizou a aprovação da venda da refinaria pelo Tribunal de Contas da União (TCU) diante das suspeitas levantadas.
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