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Foto do escritorRedação Renalice Silva - Geral

Brasil tem mais gado do que gente e produz 283 ovos por pessoa; confira números da agropecuária 

Produção de frangos, galinhas e leite também batem recorde no Brasil, segundo dados do IBGE.

O rebanho bovino voltou a bater recorde no Brasil em 2023, apesar de o ritmo de crescimento ter sido menor, indicam dados divulgados nesta quinta-feira (19) pelo IBGE. O efetivo alcançou 238,6 milhões de cabeças em 31 de dezembro, o que significa uma alta de 1,6% ante o final de 2022 (234,9 milhões). Naquele ano, o avanço havia sido de 4,6% frente a 2021 (224,6 milhões). Os dados integram a PPM (Pesquisa da Pecuária Municipal), cuja série histórica começou em 1974. À época, o país tinha 92,5 milhões de cabeças. Ou seja, menos da metade do patamar de 2023 (238,6 milhões).


Produção da pecuária é recorde no Brasil Foto: Emater-MG/Divulgação

No ano passado, o rebanho bovino superou em 12,7% o número estimado de pessoas no Brasil (211,7 milhões). A projeção de população foi divulgada pelo IBGE em agosto. Na pesquisa anterior, com dados de 2022, a quantidade de bovinos havia superado o número estimado de habitantes no país em 11,4%.


Ao apresentar os dados da PPM, o instituto destacou que a produção pecuária é marcada por ciclos. De 2019 a 2022, o setor passou por uma fase de retenção de fêmeas para a criação de bezerros, indica a pesquisa. Assim, o rebanho aumentou.Em 2023, ainda foi possível perceber os efeitos da retenção dos anos anteriores, segundo o IBGE. O instituto, porém, sinalizou que uma inversão do ciclo começou a aparecer com o abate mais elevado de fêmeas.



Isso tende a reduzir o rebanho mais à frente. A diminuição do plantel é vista como uma tentativa do pecuarista de recuperar preços da carne após a queda gerada com a ampliação da oferta."A gente acredita agora em uma uma queda nos efetivos para o ciclo resultar em um equilíbrio de mercado", afirmou Mariana Oliveira, analista da PPM.


Em 2023, o rebanho bovino da região Centro-Oeste foi calculado em 76,7 milhões de cabeças. É o maior número do Brasil, equivalente a 32,1% do plantel nacional (238,6 milhões). O efetivo da região, contudo, recuou 0,6% na comparação com 2022 (77,2 milhões). Mato Grosso, com 34 milhões de animais, tem o principal rebanho do país entre os estados. Responde por 14,2% do plantel brasileiro. O número local caiu 0,7% em relação a 2022 (34,2 milhões). O ranking dos municípios é liderado por São Félix do Xingu (a 984 km de Belém), no Pará. O rebanho local tinha quase 2,5 milhões de cabeças. Corumbá (MS), com 2,2 milhões, e Porto Velho (RO), com 1,8 milhão, vieram na sequência.


Categoria de frangos e galinhas tem recorde 

Outra categoria que seguiu em crescimento e renovou o recorde da PPM em 2023 foi a dos galináceos. O grupo inclui os frangos de corte, que fornecem carne para o mercado, e as galinhas usadas na produção de ovos. No ano passado, o efetivo alcançou 1,58 bilhão de cabeças. É um patamar 0,6% acima de 2022 (1,57 bilhão).



A demanda aquecida por carne de frango no mercado externo e a busca das famílias por ovos teriam contribuído para o resultado.O Paraná foi o estado com o maior efetivo de galináceos em 2023: 453,4 milhões (ou 28,7% do total). Itaberaí (a 100 km de Goiânia), em Goiás, liderou o ranking dos municípios, com 16 milhões de animais.


O levantamento também traz informações específicas sobre galinhas destinadas à produção de ovos. O plantel brasileiro foi de 263,5 milhões no ano passado, 2,4% acima de 2022. O patamar mais recente, porém, segue distante do recorde da pesquisa, registrado em 1980 (441,3 milhões).

São Paulo foi o estado com o maior efetivo de galinhas: 54,6 milhões (20,7% do total). Santa Maria de Jetibá (a 85 km de Vitória), no Espírito Santo, liderou o ranking dos municípios, com 12,7 milhões de animais. Além dos bovinos e galináceos, outros rebanhos investigados na PPM também alcançaram máximas na série histórica em 2023. Foram os casos de bubalinos (1,7 milhão de cabeças), caprinos (12,9 milhões) e ovinos (21,8 milhões).

Brasil produz o equivalente a 283 ovos de galinha por ano por habitante

A produção nacional de ovos de galinha seguiu em crescimento em 2023 e renovou o recorde de uma série histórica iniciada em 1974, apontam dados divulgados nesta quinta-feira (19) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O órgão contabilizou quase 5 bilhões de dúzias no ano passado. O resultado significa um avanço de 2,9% ante 2022 (4,9 bilhões).A produção brasileira, estima o IBGE, cresce de forma ininterrupta desde 1999. Os dados integram a PPM (Pesquisa da Pecuária Municipal).


As quase 5 bilhões de dúzias registradas no ano passado equivalem a 59,9 bilhões de ovos. Se essa quantia fosse dividida pela população estimada do Brasil em 2023 (211,7 milhões), cada habitante ficaria com cerca de 283 ovos.

Segundo Mariana Oliveira, analista da PPM, o registro de casos de gripe aviária no exterior aqueceu a demanda por carne de frango do Brasil em 2023. Como consequência, o quadro teria incentivado a procura por ovos de galinha para incubação."Pode ter sido um dos motivos do aumento da produção de ovos de galinha para abastecer o mercado de frango de corte", afirmou a pesquisadora. Ela também chamou atenção para o consumo interno do produto, que costuma ser visto como substituto da carne. "O ovo, em si, é em bem de consumo básico. Então, a demanda dele sempre existe. Tanto é que foi mais um recorde de produção", declarou.



O Estado de São Paulo lidera a atividade no Brasil. A produção local somou 1,2 bilhão de dúzias em 2023. O número equivale a 23,8% do total no Brasil. O ranking dos municípios foi puxado mais uma vez por Santa Maria de Jetibá, no Espírito Santo (a 85 km de Vitória). A cidade capixaba contabilizou 317,1 milhões de dúzias, seguida por Bastos (242,9 milhões de dúzias), em São Paulo.Além dos ovos de galinha, outros itens investigados na PPM também bateram recorde de produção em 2023. Foram os casos do leite (35,4 bilhões de litros) e do mel (64,2 mil toneladas).


Produção de leite bate recorde mesmo com menor número de vacas desde 1979

Após dois anos em queda, a produção de leite no Brasil cresceu 2,4% em 2023, indicam os dados IBGE. Ao chegar ao patamar de 35,4 bilhões de litros, a atividade bateu recorde na série histórica da PPM (Pesquisa da Pecuária Municipal), iniciada em 1974. O resultado, diz o IBGE, reflete os ganhos de produtividade dos pecuaristas que conseguiram se manter no setor. Nos últimos anos, a atividade passou por abandono, principalmente de produtores menores, devido à queda nas margens de lucro.


Não à toa, o recorde de produção foi alcançado com número reduzido de animais. Em 2023, o IBGE contabilizou 15,7 milhões de vacas ordenhadas, o menor patamar desde 1979 (14,9 milhões). O rebanho leiteiro do ano passado ficou 0,1% abaixo do registrado em 2022.

"Apesar do acréscimo na produção, ainda é possível observar abandono da atividade, principalmente por produtores menores, devido à margem apertada da atividade", aponta a PPM. "O arrendamento da terra para a produção de grãos, atividade em expansão em partes do país, tem sido uma opção para prover melhor retorno financeiro. Outro fator que causou impacto no setor leiteiro, ao longo de 2023, foi a alta importação de leite", acrescenta a publicação.


O IBGE afirma que o crescimento da produção com um número menor de vacas está associado à tecnologia do setor, que investiu em genética e manejo do rebanho. A produtividade média foi de 2.259 litros por vaca no ano passado, uma alta de 2,5%. O indicador era de 1.525 litros em 2014. Na avaliação de Mariana Oliveira, analista da PPM, a atividade passa por uma "mudança de retrato".

"Com a saída dos pequenos produtores, o que resta para o setor? Os médios e grandes produtores. Eles têm maior possibilidade de investimentos em tecnologias, em insumos, o que resulta no aumento da produção", disse a técnica em apresentação a jornalistas.

Em 2023, Minas Gerais produziu 9,4 bilhões de litros de leite. Isso equivale a 26,6% do total no Brasil. O estado lidera a atividade no país, seguido por Paraná (4,6 bilhões de litros) e Rio Grande do Sul (4,1 bilhões). Entre os municípios, o principal destaque é o paranaense Castro (a 160 km de Curitiba). A produção da cidade foi de 454 milhões de litros em 2023 (1,3% do total).

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